Criptomoedas – Tudo que você precisa saber, antes de vender seu carro para comprá-las
- Rodrigo Lips
- 29 de dez. de 2017
- 7 min de leitura
Em 2017, um dos temas mais comentados na área de economia, foram as ascensões assombrosas de algumas criptomoedas, como o Bitcoin e o Ethereun, que viram seu valor crescer exponencialmente em um espaço reduzido de tempo. No mês passado, fizemos esse post bem legal aqui no BLOG explicando melhor sobre o Bitcoin.
Com a alta valorização de algumas dessas moedas, foi criado todo um mercado especulativo próprio, com várias formas de se investir nelas. Há quem compre em baixa e venda em alta, há quem compre para manter, há quem minere em casa ou há distância. Mas afinal, qual o propósito de uma criptomoeda? O que é minerar? Vale a pena investir em um criptomoeda a longo prazo? De que formas podemos investir nelas? O que é o blockchain?

Gráfico representando a valorização de uma das principais moedas, o Ethereum
Em primeiro lugar, vamos entender um pouco sobre o porque da ascensão do Ethereum e do Bitcoin, que são moedas descentralizadas. Isso tem a ver com a sua proposta inicial, que é ser uma moeda descentralizada. Ou seja, que não dependesse de terceiros para a realização de transações financeiras, e dessa forma, fosse vantajosa. A priori, essa estratégia enfraquece o poder dos Estados em tentar controlar os fluxos financeiros, uma vez que as transações são secretas. A ideia é que essas moedas sejam usadas de forma rotineira no nosso cotidiano, sendo aceitas por lojas, restaurantes, etc, como moedas comuns. Essas moedas são moedas globais, totalmente digitais, que não são controladas pelo governo ou por fundos tradicionais, ou seja, quase sem custo por transação. Toda essa facilidade, acaba contribuindo para a ocorrência de transações indevidas, como por exemplo, para que uma pessoa compre coisas ilícitas ou consiga esconder seu patrimônio. A reação do mercado à essas moedas foi extremamente positiva, embora o fato de não terem um grande controle, como outras moedas, ainda causa medo e insegurança em algumas pessoas. Por outro lado, o bitcoin chegou inclusive a ser usado como forma de manutenção da liberdade de expressão . (Para quem quiser mais detalhes, conheça a história de Daniel Fraga aqui.)
Mas então, voltando ao assunto Bitcoin e Ethereum, fica subentendido de porque essas moedas são tão temidas pelos governos dos países. Elas praticamente podem dar autonomia aos indivíduos. Em tese, são completamente seguras por meio do método de blockchain, que é, também, o responsável pela existência dos tão famosos “mineradores de bitcoin”. O blockchain, na verdade, é o ingrediente mais importante da receita da criptomoeda, pois ele dá toda a sua sustentação. Funciona como uma espécie de “livro de registros” descentralizado e codificado. Em tese, ele é inviolável e inquebrável, de forma a garantir a soberania da moeda, e é nisso que os investidores a longo prazo confiam. Funciona como um “livro de registros” (através de software) que está presente em todos os computadores de mineradores (pessoas que cedem esforço computacional para a plataforma, e em troca, são recompensados com a possibilidade de ganharem frações da criptomoeda). A cada 10 minutos, um bloco novo de informação é registrado e selado no Bitcoin. Como o blockchain está presente em todos esses computadores, não seria necessário somente quebrar seu bloqueio, como também alterar os seus dados, simultaneamente em todos os computadores. A produção de bitcoins, através de mineradores, por sua vez, é limitada, e acredita-se que, em determinado momento, pela ausência de criação de novas moedas, o valor delas irá se estabilizar.
Agora, a pergunta que não quer calar: “Vale a pena investir em uma criptomoeda a longo prazo?” Existe uma lista de coisas que se deve ter em mente antes de investir em criptomoedas.
Existem vários golpistas se aproveitando da onda do Bitcoin e do Ethereum para lançar supostas “novas moedas”. Tome muito cuidado e conheça bem antes de investir seu dinheiro em uma nova criptomoeda, mesmo as reais nem sempre dão certo, não é porque o Bitcoin e o Ethereum estão em alta que todas eventualmente estarão.
A bitcoin, assim como outras criptomoedas, são altamente especulativas, com muitos analistas renomados do mercado alertando para a possibilidade de bolha. Atente para o propósito da utilização de bitcoin como moeda a longo prazo, e não a veja como uma ação especulativa, caso decida investir em bitcoins e segura-los por longo prazo, pois o mercado é muito instável
Todo investimento deve ser considerado sendo visto por 3 diferentes perspectivas. Retorno, liquidez e risco. O risco do bitcoin é alto, e essa afirmação não vem só de analistas, mas também, de Gavin Andresen, um de seus criadores, que alerta : “Somente invista o tempo e o dinheiro que você pode perder, pois o Bitcoin ainda é um experimento. Quanto mais ele perdurar apesar de toda volatilidade e problemas técnicos, mais saberemos. Mas a confiança requer tempo” . Definitivamente não é um dos investimentos mais seguros...
Esteja sempre atento a variações de valor, pois elas são muito bruscas, e podem determinar grandes perdas. Esse é o tipo de investimento que precisa ser sempre monitorado.
Por fim, quais as formas de investir em bitcoin?
Comprando diretamente
Minerando em casa
Contratando alguém para minerar para você
Como falado anteriormente, os mineradores são pessoas que cedem esforço computacional para a rede das criptomoedas, processando informações através de cálculos complexos, em troca de alguma fração da moeda.
No Brasil, no momento atual, devido aos altos custos de energia e o alto custo de hardware, não é rentável minerar bitcoins em casa. Algumas moedas que exigem menor esforço computacional, talvez, representem lucratividade futura para quem as estiver minerando agora.
Algumas pessoas recorrem para a mineração por cloud, na qual se contrata um serviço de mineração do exterior. Entretanto, esse tipo de serviço normalmente é contratado por períodos longos de tempo, podendo, com o passar do tempo, deixar de ser vantajoso para o contratante, além de serem arriscados.

Mineração de criptomoedas
Bitcoin é bolha?
Após essa introdução, podemos abordar um novo tópico. Nos jornais podemos ver diariamente noticias de pessoas que venderam todo o patrimônio e aplicaram em Bitcoin, por outro lado, economistas, como os do Bacen, falando que trata-se de uma bolha, um esquema de pirâmide.

De fato, existem pessoas que não são investidoras, nunca investiram em nada, e estão surfando na onda Bitcoin. Isso aumenta bastante a volatilidade da moeda, pois seu valor é diretamente relacionado a sua oferta e demanda, mas não necessariamente é um indicativo de que o Bitcoin seja uma bolha, ou pirâmide. Mas é bem possível, que esse aumento desenfreado de demanda, esteja gerando uma supervalorização do ativo.
Por outro lado, as criptomoedas vieram para revolucionar o sistema financeiro, e dar autonomia a pessoas e empresas, de forma a se distanciar das regulações estatais. Mesmo que um governo tente fechar as agências do país, as criptomoedas não morreriam, pois são transacionadas através do P2P. É evidente que a propagação das criptomoedas é mal vista pelo governo, que perde influência e o monopólio do controle monetário. Além disso, o valor da Bitcoin tende a se estabilizar, uma vez que a taxa premiação da mineração de Bitcoin (descoberta de novas moedas), se reduz bastante a cada 4 anos e a partir do momento que existirem 21 milhões de moedas, a premiação passa a ser com taxas, diferente do Ethereum, que não tem uma perspectiva para que isso ocorra, obtendo, como alguns dizem, maior potencial inflacionário a longo prazo. O aumento da oferta de Ethereum, em um momento de maturidade do uso deste parta transações, ou seja, em um período sem aumento de demanda, pode justificar uma desvalorização de valor.
Por outro lado, o Ethereum, para o sentido original de uma criptomoeda, vêm se mostrando bem mais eficiente. Ao ponto que o Bitcoin demora minutos para concluir uma transação, o Ethereum demora segundos. Além disso, como o valor do Bitcoin está muito alto, as taxas correspondentes a pequenas transações acabam sendo muito altas também.
Nem por isso o Bitcoin perde necessariamente em atratividade a longo prazo. Em geral, o mercado responde a procura por bitcoins de forma inversamente proporcional aos desempenhos de suas bolsas de valores. Conforme as bolsas acumulam resultados negativos, a busca por Bitcoins se intensifica, conforme a bolsa acumula resultados positivos, ela diminui. Isso ocorre uma vez que os investidores se sentem seduzidos pelo Bitcoin em momentos de queda da bolsa, enquanto optam por medidas mais cautelosas e tangíveis quando tem expectativas de alta.
Bitcoin x Ouro
Uma vertente que vêm se popularizando, também, é a que diz a respeito da comparação: Bitcoin X Ouro. Isso ocorre pois o valor intrínseco do Ouro não está no seu papel na sociedade, e sim na perspectiva das pessoas. Apenas aproximadamente 1% do ouro em circulação do mundo é utilizado para fabricação de joias, hardwares e produtos em geral, com o resto sendo mantido em reservas. Ou seja, o valor do ouro não está necessariamente na sua aplicação e a sua demanda não vem desta, e sim da sua perspectiva de valor intrínseca a mente humana. Essa vertente, acredita que o futuro será revolucionado pelas criptomoedas, e que o Bitcoin será uma espécie de “ouro” para os tempos modernos.

Inclusive, essa vertente vem sendo bem aceita nos dias atuais, Diversos fundos de investimento vem comprando participações de ativos com rendimento atrelado a valorização de criptomoedas (principalmente do Bitcoin). Em geral são porcentagens pequenas, como 2 ou 1 %, em estratégias de Hedge (proteção). O curioso é que a estratégia não é vinculada a pequenas porcentagens dessas participações por serem muito voláteis, mas sim para diversificarem o investimento, como em uma jogada de segurança, como o Bitcoin, em geral, acumula resultados inversos aos da bolsa.
Novo modelo mundial, no futuro
Isso ocorreria da seguinte maneira: As grandes empresas passariam a ter suas próprias criptomoedas, para realizar transações, e o Bitcoin seria uma espécie de reserva de valor. Essas criptomoedas vinculadas a empresa, teriam seu lastro em participações nas mesmas, e seriam utilizadas para as transações desta. Isso seria vantajoso pois ajudaria a fugir dos governos. O Ethereum, assim como algumas outras criptomoedas, serviriam para transações rotineiras. Ou seja, o Bitcoin auxiliaria o câmbio.
Conclusão
Existem diversos pontos de vistas diferentes a respeito do futuro das criptomoedas, inclusive, pouco se sabe se realmente o mercado conseguirá aplica-las de forma rotineira. Caso isso ocorra, definitivamente vai haver uma revolução no sistema financeiro que conhecemos, embora isso não necessariamente ocorra, caso o sistema de segurança, principal fator para seus lastros, acabe se mostrando insuficiente para tamanhas perspectivas.
No momento, a hipervalorização das criptomoedas, condiz principalmente com sua aceitação pela população, além da afobação de pessoas que muitas vezes não entende seu real uso e proposta de valor. Entretanto, não necessariamente elas vão deixar de vincular valor a sua imagem, como o que ocorre com o ouro.
O momento atual é de extremas incertezas, e os riscos devem ser muito bem calculados. Aquisições muito grandes não são indicadas pela sua falta de segurança, embora possam ser extremamente rentáveis.
Um princípio que não deve ser esquecido nesses momentos de loucura com altas exponenciais das criptomoedas, é a necessidade de se diversificar os investimentos para reduzir risco. Os investidores devem atentar, antes de investirem todo o seu capital (ou boa parte dele) em criptomoedas, a respeito da volatilidade e incerteza das mesmas, sabendo que podem perder toda, ou pelo menos boa parte, do capital investido.
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